quarta-feira, 4 de agosto de 2010

CAPOEIRA REGIONAL E ANGOLA

Capoeira de Angola - (Mestre Pastinha):

Modalidade de capoeira codificada por Mestre Pastinha. Esse nome remonta à escravidão, quando os negros treinavam em segredo nas senzalas, camuflando o treinamento como "dança" executada ao som do berimbau. Os brancos diziam que os negros estavam fazendo a "brincadeira de angola", visto que a maior parte deles provinham daquela colônia portuguesa. Caracteriza-se por movimentos parecidos com o de animais e menor número de golpes do que a capoeira regional, embora tenha sido usado inúmeras vezes como arma mortal. É a capoeira antiga, clássica.

Mestre Pastinha
Vicente Joaquim Ferreira Pastinha (1889-1981), Mestre que codificou a capoeira antiga criando a capoeira de angola. Embora seja muito antiga, apenas com o mestre Pastinha a capoeira de angola foi organizada e passou a ser difundida por todo o Brasil, até nossos dias

Mestre Pastinha descende de pai espanhol e mãe baiana, foi batizado em 1889 com o nome de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, na cidade de Salvador-Ba. Conta-se que o princípio de sua vida na roda de capoeiragem aconteceu quando tinha 8 anos, sendo seu mestre o africano Benedito, o que ao vê-lo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe as mandingas, negaças, golpes, guardas e malícias da Angola. O resultado veio logo aparecer, Pastinha nunca mais fora importunado por ninguém.
Mestre Pastinha serviu na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceu por um período de 8 anos .Mestre Pastinha de tudo fez um pouco,trabalhou como pedreiro, pintor, entregava jornais, tomou conta de casa de jogo; no entanto, o que mais gostava de fazer era ensinar "a grande arte ".Pastinha conhecia a capoeira , sabia como era importante continuar aquela cultura, aconselhava que era preciso ter calma no jogo "quando mais calma melhor pró capoerista", e que a capoeira "ela é o pai e mãe de todas as lutas do Brasil. Sabia muito bem os fundamentos e os segredos existentes na capoeiragem, cantava, tocava os instrumentos e ensinava como um verdadeiro mestre deve fazer. Pastinha foi nas rodas de capoeira um autêntico mestre, um bamba na luta.
Saindo da Marinha em 1910, inicia sua fase de professor de capoeira,seu primeiro aluno foi Raimundo Aberê, este se tornou um exímio capoeirista, conhecido em toda Bahia.
Segundo Mestre Pastinha, sua primeira academia ficava localizada no Largo do Cruzeiro do São Francisco, na Rua do Meio do LargoTerreiro de Jesus. Pastinha dizia: "A capoeira tem muitas coisas.Primeira parte; a capoeira tem seu dicionário; segunda parte: tem seu dicionário; terceira parte : tem seu dicionário e quarta parte ; tem seu dicionário ".
Ensinava que quando alguém fosse falar sobre a capoeira dissesse somente o que sabia, "não vá dizer que a capoeira é o que ela não é , nem vá contar o que não viu ninguém falar , então, não vá contar aquilo que não pode contar. Não é todo mundo que vá abrir a boca e dizer eu conheco a capoeira, a capoeira é isso.Nem todos mentais, nem todos sujeitos pode abrir a boca para cantar o que é capoeira não."
Mestre Pastinha era uma pessoa bem humorada, descontraída, bastante receptivo , rico em conhecimento, seu saber transcendia as rodas de capoeira. Era uma pessoa do mundo ideal, camarada amigo, pai e irmão dos discípulos.Viveu intensamente seus longos anos dedicados à capoeira de Angola, classificou-se na história da maladragem, da malícia, como ás. Manteve em sua academia de Angola, a originalidade da eficiência da luta em momento algum fora perdido na Academia de Pastinha.
Ele contribuiu categoricamente com o seu talento e dedicação à capoeira para que a sociedade baiana e brasileira percebessem a capoeiragem como uma luta-arte imbatível, guerreira, que está além dos paupérrimos preconceitos que há na sociedade.Vicente Pastinha, foi filmado ,fotografado , entrevistado , gravou disco e deixou um livro , a capoeira nunca mais poderá esquecer este ás, o guardião da capoeira d'Angola.
Foi lá na casa 19, no Largo do Pelourinho, que funcionava a sua academia, o Centro Esportivo de Capoeira Angola fundada em 1941.
Milhares de pessoas estiveram na academia, ficavam impressionadas com as cantorias, com o som dos berimbaus , pandeiros e agogôs e principalmente, com os jogos que lá rolavam.
Por fim, foi feita uma reforma no sobrado, disseram ao Mestre que ele não tinha com o que se preocupar, após terminadas as obras, ele voltaria para lá, seu lar, sua academia.
Nunca mais se ouviu a voz de Pastinha dentro do sobrado, o povo não mais assistiu a uma maravilhosa roda de capoeira de Angola naquele velho sobrado.
O Mestre Pastinha não voltou, morreu na escuridão de um quarto decadente no bairro Pelourinho em Salvador.

Capoeira de Regional - (Mestre Bimba):

Modalidade de capoeira criada pelo Mestre Bimba atravéz da mescla de elementos da capoeira de angola e do batuque. Mestre Bimba mudou algumas técnicas, criou um código de ética e instituiu o uniforme branco. Sua grande preocupação era mudar a fama de atividade marginal com que a capoeira era conhecida.

Mestre Bimba
Manoel dos Reis Machado (1900-1974), Mestre fundador da capoeira regional. Destacou-se pelos serviços comunitários e sociais que executou, principalmente com crianças e adolescentes. Instituiu o núcleo de documentação, com mais de 5000 títulos sobre capoeira e assuntos relacionados.


Bimba em 1939, detalhe da fotografia da formatura de Maia, Decanio e OnçaTigre.

Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba, foi, sem dúvida alguma, o maior capoeirista de todos os tempos, o libertador da capoeira, o paladino da cultura negra, o criador da luta regional baiana ( cognome sob o qual a capoeira foi liberada, na decada de 30, pelo interventor da Bahia, Ten. Juracy Magalhães, da proscrição pelo Código Penal).
Além de "tirar a capoeira de baixo da pata do boi", como dizia nas suas palavras simples, iniciou em 1946, durante o I Congresso Internacionacional de Neuropsiquiatria em Salvador, promovido pelos Profs. Edístio Pondé e Carlos Cerqueira (fundador do Sanatório Bahia), na casa do Babalorixá Camilo de Oxosse, na ladeira da Vila América (antiga ladeira do Currupio), as exibições públicas das manifestações culturais áfrico-baianas, que incluiram naquela data o samba de roda, a capoeira (regional naturalmente...) e o candomblé; deixando de incluir o maculelê, que foi recuperado na década de 50 graças a Tiburcinho de Jaguaripe, conduzido até Bimba por Decanio.
Sua importância histórica só encontra paralelo naquela de Mestre Pastinha, que conseguiu unir todos os demais Mestres de sua época em torno de sua fígura carismática e conservar o primitivo jogo de capoeira sob o nome de "angola", fator de primordial valor na evolucão evolução histórica desta brincadeira dos mestiços brasileiros.

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